A 13 de março de 2020 encerravamos as portas da Torre dos Clérigos

O dia 13 de março de 2020 ficou marcado pelo encerramento das nossas portas em resposta à propagação do vírus SARS-CoV-2. Hoje, 13 de março de 2021, novamente de portas fechadas, não queremos deixar de assinalar o impacto do primeiro confinamento. Na altura, abateu-se sobre nós uma sensação de medo pelo desconhecido que se refletiu no esvaziamento das cidades. No Porto, as ruas pejadas de gente e cheias de vida, subitamente ficaram desertas. O barulho de uma cidade em movimento deu lugar a um silêncio ensurdecedor. A cidade do Porto transformou-se!

A História mostra-nos que as epidemias nos têm acompanhado ao longo dos séculos. A nossa Torre, a Torre do Porto, já viu passar graves surtos infectocontagiosos, alguns das quais em simultâneo com conflitos militares, e dos quais guardamos memória histórica.

Em meados do século XIV, a peste negra deixa marcas terríveis no Porto; ao longo do tempo, outros surtos de menor incidência e outros acontecimentos vão contrariando a paz da cidade. Lembremos a primeira década do século XIX, quando o Porto é alvo das invasões francesas, e na segunda década assiste à Revolução Liberal; um surto de cólera e tifo vivido paralelamente com o Cerco do Porto entre 1832-1833 fragiliza uma cidade que procurava recuperar a sua estabilidade; mas poucos anos passariam até ser novamente assolada, em 1855, pela cholera morbus; em 1899 seria, mais uma vez, a peste bubónica, um dos piores surtos infectocontagiantes a instalar-se entre a população; em 1918 chegava ao Porto a gripe espanhola, talvez, a mais dizimadora das doenças do género. Chegados a 2020, eis que aparece, de forma repentina, uma pandemia que se estendeu pelo mundo, e passamos a viver os nossos dias com uma nova doença: a Covid-19.

Nesta retrospetiva histórica assoma-nos ao pensamento um facto. A Torre dos Clérigos, desde 1763, ano de conclusão da sua construção, foi testemunha de tais acontecimentos, das desgraças e das mudanças que decorreram na cidade. Mais, foi alvo da artilharia por parte das tropas miguelistas na sua intenção de a derruir. Não o conseguiram! A Torre dos Clérigos seguiu eminente no perfil da cidade. E seguirá, como imagem de determinação e de persistência ou não fosse ela, a Torre da Cidade!

Um ano volvido desde março de 2020, os dias permanecem confinados, o que não significa parados. Tal como as “searas florescem no campo”, também cresce a esperança da chegada dos dias normais, tal como os conhecíamos antes da pandemia.

Estamos de olhos no futuro, para continuar a receber os nossos visitantes dos quatro cantos do mundo.

Torre dos Clérigos

Lockdown antes e depois na Torre dos Clérigos

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